top of page

SÉRIE 1: Nutrindo a Alma do Pastor em um Ministério Sedento - Capítulo 2

Por: Pastor Flávio Macieira

Capítulo 2

A Tirania do Visível

ree

Se o ministério pastoral tivesse um balanço contábil, a maioria de nós seria julgada pela coluna dos "ativos visíveis". Contamos o número de pessoas nos bancos, as decisões no apelo, o crescimento do orçamento, as visualizações do sermão online. Vivemos sob a tirania do visível, uma pressão implacável, por vezes autoimposta, para produzir resultados que possam ser medidos, fotografados e celebrados. A agenda cheia se tornou um sinônimo de um ministério frutífero, e o cansaço, uma medalha de honra.

Essa pressão nos valida. Sentimo-nos úteis, importantes, justificados em nosso chamado quando estamos em movimento: aconselhando, pregando, planejando, visitando. O perigo mortal dessa lógica é que ela é funcionalmente ateísta. Ela opera como se o crescimento do Reino dependesse primariamente do nosso esforço, da nossa estratégia e da nossa exaustão. Sem perceber, trocamos a profunda vocação de ser um homem de Deus pela exaustiva profissão de ser um homem para Deus.

É aqui que a rotina de Jesus nos confronta e nos inquieta. Marcos nos diz que, "de madrugada, sendo ainda escuro, levantou-se, saiu e foi para um lugar deserto; e ali orava" (Marcos 1:35). Pense na audácia dessa atitude. As multidões o procuravam, os doentes esperavam por cura, os discípulos precisavam de direção. A demanda por seu ministério "visível" era infinita. E a resposta de Jesus? Ele se retirava. Ele desaparecia. Ele investia na comunhão invisível com o Pai, a fonte de todo o poder visível que se manifestaria depois. Jesus operava a partir de um princípio que nós frequentemente invertemos: o poder público do ministério é um subproduto da comunhão privada com Deus.

A imagem de um iceberg é quase um clichê, mas perfeitamente aplicável aqui. O ministério público – os sermões, as aulas, a liderança – é apenas os 10% da massa que se projeta acima da linha d'água. É a parte que todos veem e aplaudem. Mas a estabilidade, a direção e o poder real daquele iceberg vêm dos 90% de massa submersa, invisível, silenciosa e profunda. Essa massa é a nossa vida secreta com Deus. A tirania do visível nos tenta a gastar todo o nosso tempo polindo a ponta do iceberg, enquanto a base que o sustenta derrete lentamente no esquecimento.

O convite para hoje é um ato de rebelião santa contra essa tirania. Pegue sua agenda semanal, o documento que rege seus dias. Olhe para ela não como um pastor, mas como um discípulo. Quanto tempo está alocado para o "visível" – reuniões, preparo, administração? E quanto tempo está intencionalmente bloqueado, protegido e consagrado para o "invisível" – para a oração sem pauta, para a leitura sem propósito homilético, para o simples ato de estar na presença de Deus? A resposta pode ser inquietante, mas é o começo da cura. Não se trata de fazer mais, mas de ser mais. Pois é do ser escondido em Cristo que flui todo o fazer que verdadeiramente glorifica a Deus.

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
  • LinkedIn
  • Blogger
  • Amazon
  • Tópicos
  • Facebook
  • Youtube

©2022 por Propagando a Palavra. Orgulhosamente criado com GTJ

bottom of page