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O Som da Sede

DE PASTOR PARA PASTOR

Por: Pastor Flávio Macieira

Série 1 - Nutrindo a Alma do Pastor em um Ministério Sedento

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Capítulo 1

O Som da Sede

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Existe um som que todo pastor conhece, mas que raramente admite ouvir. Não é o som do telefone que toca tarde da noite, nem o murmúrio de uma reunião de conselho que se estendeu demais. É um som mais sutil, interno, quase inaudível sob o barulho do ministério: o som de uma alma ressecada. É o som da sede.

A ironia é quase cruel. Passamos nossos dias de pé, junto à fonte da Água Viva, conclamando um mundo sedento a vir e beber. Nossas mãos servem o copo da graça a ovelhas cansadas, nossos lábios proclamam rios de água viva, mas em nosso íntimo, o poço parece estar secando. Celebramos a fartura do banquete do Rei enquanto sentimos uma fome que não ousamos nomear. Esta é a solidão do líder espiritual: ser o guardião de um oásis para os outros, enquanto a própria terra do coração começa a rachar pela seca.

Lemos sobre Elias e assentimos com a cabeça. Após a vitória retumbante no Monte Carmelo, onde fogo desceu dos céus, o profeta de Deus foge para o deserto. Encontramo-lo debaixo de um zimbro, exausto, não apenas fisicamente, mas em um nível celular da alma (1 Reis 19:4). Ele, que foi canal do poder de Deus, agora só deseja dormir e desaparecer. Aquele lugar de exaustão e desespero é um território familiar para muitos de nós. É o ponto onde o sucesso ministerial e o esgotamento espiritual se encontram, um cruzamento perigoso onde a performance pública mascara o colapso privado.

A grande tentação nesse deserto é a culpa. Sentimo-nos hipócritas por pregar sobre uma alegria que parece distante, por aconselhar a busca por uma paz que nos escapa. Mas e se essa sede não for um sinal de fracasso, mas um convite? E se o som do nosso chão rachando for, na verdade, a misericórdia de Deus nos impedindo de continuar a jornada com a força do nosso próprio braço?

Pense nisso como um oásis que serve a uma rota de caravanas no deserto. Todos vêm para beber de suas fontes. Os viajantes se reúnem à sombra de suas palmeiras, enchem seus odres e partem revigorados. Mas o que ninguém vê é que o manancial subterrâneo que alimenta todo o oásis depende de chuvas distantes, nas montanhas, que ninguém na caravana testemunha. Se essas chuvas cessarem, o oásis, lentamente e em segredo, começará a morrer por dentro, mesmo enquanto ainda oferece as últimas reservas de suas águas. Nós somos esse oásis. A chuva distante é nossa comunhão secreta, invisível e insubstituível com Deus.

A ação de fé para hoje não é um grande feito. É um ato de honestidade radical. É parar, no silêncio do seu gabinete ou no carro entre uma visita e outra, e simplesmente admitir. Dizer em voz alta, apenas para Deus ouvir: "Senhor, eu estou com sede". Sem justificativas, sem promessas de ser melhor, sem o peso da culpa. Apenas a confissão simples e vulnerável de uma necessidade. Reconhecer o som da sede não é o começo do fim; é o primeiro passo para encontrar, mais uma vez, a Fonte que nunca seca.

Amado pastor, se este devocional falou ao seu coração, compartilhe-o com outros servos do Senhor. Que Deus abençoe abundantemente sua vida, sua família e o seu ministério.

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