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A SEDUÇÃO DO PALCO

Por: Pastor Flávio Macieira - 2025

Série: Entre o Relevante e o Eterno (Dia 1/3)

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Imagine um farol antigo, construído sobre uma rocha sólida, cuja única função por séculos foi emitir uma luz pura e constante para guiar os navios em segurança para o porto. Um dia, um novo faroleiro assume e, ansioso por ser notado pelos navios modernos, decide que a luz única é monótona. Ele instala luzes estroboscópicas, lasers coloridos e até um sistema de som. O farol se torna um espetáculo, atraindo a atenção de todos. Mas, na tempestade, os capitães dos navios ficam confusos. A luz que deveria ser um ponto de referência seguro tornou-se uma distração ofuscante. O farol tornou-se relevante, mas perdeu seu propósito.


Meu caro pastor, esta é a sedução do palco em nossa era. A pressão é imensa e, muitas vezes, bem-intencionada. Queremos alcançar uma cultura que valoriza o espetáculo, a embalagem, a relevância instantânea. As redes sociais, as métricas de engajamento, a comparação com outros ministérios, tudo parece gritar: "Seja notado! Modernize! Adapte!". E, no anseio sincero de não perdermos esta geração, corremos o risco de transformar o púlpito, que é um lugar de proclamação, em um palco, que é um lugar de performance. Corremos o risco de trocar a luz constante da Cruz por um show de luzes que impressiona a multidão, mas guia poucos ao porto seguro.


É para o nosso coração, tentado a trocar o poder pela popularidade, que o testemunho do apóstolo Paulo em Corinto serve como um farol de advertência e coragem:

"Irmãos, quando fui lhes anunciar o mistério de Deus, não o fiz com discursos eloquentes nem com sabedoria superior, pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado. [...] Minha mensagem e minha pregação não se basearam em argumentos persuasivos de sabedoria humana, mas na demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se apoiasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus." (1 Coríntios 2:1-2, 4-5, NVT)

Paulo estava em Corinto, o epicentro da filosofia, da retórica e do glamour cultural de sua época. A expectativa para qualquer orador era um show de sabedoria e eloquência. E qual foi a estratégia de Paulo? Desafiar deliberadamente essa expectativa. Ele não entrou no jogo da relevância cultural. Ele se recusou a transformar o Evangelho em mais um produto intelectualmente palatável. Sua mensagem era um escândalo: um Messias crucificado. Ele confiou não em sua capacidade de embalar a mensagem, mas no poder explosivo da própria mensagem. O objetivo dele não era que as pessoas saíssem dizendo "Que pregador inteligente!", mas sim que dissessem "O poder de Deus está neste lugar".


A sedução do palco nos leva a confiar em nossos métodos, em nossa comunicação, em nossa criatividade. A fidelidade ao púlpito nos chama a confiar unicamente no poder do Espírito Santo, operando através da simples, e muitas vezes "louca", pregação da cruz.


Para resistirmos a esta sedução, precisamos de um realinhamento intencional do nosso coração.


Nesta semana, ao preparar seu próximo sermão ou ensino, antes de abrir qualquer comentário ou livro, pare e ore esta simples oração: "Senhor, que a Tua cruz seja o centro do meu estudo e da minha mensagem. Que a Tua glória seja o meu único objetivo. E que o Teu poder seja a minha única confiança. Livra-me de mim mesmo."


A verdadeira relevância não é medida pela aprovação da cultura, mas pelo poder de Deus para transformar.


  1. Em quais áreas do seu ministério (pregação, redes sociais, liderança) você sente a maior pressão para "performar" e ser "relevante"?

  2. Seja honesto consigo mesmo: o que secretamente lhe traz mais satisfação, um elogio à sua criatividade e eloquência, ou um testemunho de uma vida transformada pelo poder de Deus através de uma mensagem simples?

  3. Quais métodos ou práticas em seu ministério correm o risco de fazer a fé das pessoas se apoiar em sua sabedoria, e não no poder de Deus?


Agora, vamos levar nosso desejo de fidelidade Àquele que esvaziou a si mesmo e recusou o espetáculo do mundo.


Pai, eu confesso que a sedução do palco é real e sutil. O desejo de ser visto, aplaudido e considerado relevante luta contra o meu chamado para ser fiel. Perdoa-me pelas vezes em que confiei mais em minha sabedoria do que no Teu poder. Como Paulo, eu quero decidir novamente não saber outra coisa senão a Cristo, e este crucificado. Que meu púlpito nunca se torne um palco, e que minha vida seja um testemunho não da minha relevância, mas da Tua glória. Em nome de Jesus, Amém.

O palco atrai uma multidão. Somente o púlpito fiel à cruz pode transformar um pecador.

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