A PONTE DA SABEDORIA
- Flávio Macieira
- 3 de set.
- 3 min de leitura
Por: Pastor Flávio Macieira - 2025
Série: Entre o Relevante e o Eterno (Dia 3/3)

Imagine um rio largo que separa uma vila antiga de uma metrópole moderna e agitada. Na margem antiga, os guardiões da vila preservam um tesouro de valor incalculável: a cura para todas as doenças da cidade. Eles gritam as instruções do outro lado do rio, em seu dialeto antigo, mas a cidade, com seu barulho e idioma próprio, não consegue ouvi-los ou entendê-los. Do outro lado, alguns jovens da vila, frustrados, atravessam o rio, se apaixonam pela cidade, adotam seu idioma e seus costumes, e se esquecem da cura que deixaram para trás. Um grupo tem a verdade, mas é ininteligível. O outro é perfeitamente inteligível, mas já não tem a verdade para oferecer. O que falta? Um construtor de pontes.
Meu caro pastor, esta é a imagem do nosso chamado. De um lado do rio, temos a verdade eterna do Evangelho, a Rocha Inabalável. Do outro, a cultura pulsante, veloz e sedutora na qual fomos chamados para ministrar. O grande perigo do ministério é escolher uma das margens. Ou nos tornamos guardiões da margem antiga, fiéis à verdade, mas falando um dialeto que a cultura não entende, caindo na irrelevância. Ou nos tornamos moradores da cidade, tão ávidos por sermos relevantes e compreendidos que diluímos a mensagem, caindo no comprometimento. O chamado do pastor, no entanto, não é para escolher uma margem, mas para ser um construtor de pontes.
A Palavra de Deus nos convida a esta sabedoria missionária, a arte de conectar a verdade imutável aos corações de uma geração em constante mudança:
"Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades. Que suas conversas sejam sempre agradáveis e de bom gosto, e que saibam dar a resposta certa a cada um." (Colossenses 4:5-6, NVT)
Ser "sábio para com os de fora" é o trabalho de um antropólogo e de um tradutor. É estudar a cultura não para imitá-la, mas para entendê-la – seus anseios, seus medos, seus ídolos. O apóstolo Paulo em Atenas (Atos 17) é o mestre construtor de pontes. Ele não começou condenando os ídolos; ele começou citando os poetas deles. Ele encontrou um ponto de contato – o "Deus desconhecido" – e construiu uma ponte a partir do que eles conheciam para o que precisavam conhecer: o Evangelho da ressurreição. Ele não comprometeu a mensagem (a Rocha), mas também não gritou de uma margem distante. Ele atravessou o rio e construiu uma ponte.
Nosso chamado é este: sermos teologicamente profundos e culturalmente fluentes. Sermos fluentes no dialeto antigo da Escritura e conversantes no idioma da cidade, para que possamos traduzir a esperança eterna de uma forma que a cultura possa, ao menos, compreender.
Para que esta sabedoria guie nosso ministério, precisamos nos tornar estudantes tanto da Palavra quanto do mundo.
Escolha um tema cultural relevante que está em alta (em filmes, músicas, notícias ou redes sociais). Dedique uma hora nesta semana para fazer a si mesmo a pergunta missionária: "Onde está o 'altar ao Deus desconhecido' nesta questão? Como a verdade imutável do Evangelho de Cristo se conecta aos anseios e às perguntas que esta parte da cultura está expressando?".
Esboce os pilares de uma ponte.
A sabedoria não escolhe entre fidelidade e relevância; ela luta para unir as duas.
Você tende a ser um "guardião da margem antiga" (com medo e suspeita da cultura) ou um "morador da cidade" (com medo de parecer desatualizado para a cultura)?
Qual é a principal "língua estrangeira" da cultura atual (ex: a linguagem da tecnologia, da justiça social, do bem-estar emocional) que você precisa aprender a falar para construir pontes mais eficazes?
Como a imagem de ser um "construtor de pontes" muda a forma como você enxerga sua preparação de sermões e seu envolvimento com a comunidade?
Agora, peçamos ao Mestre Construtor que nos dê a sabedoria para edificar.
Senhor, peço perdão pelas vezes em que escolhi o conforto de uma das margens – seja a segurança da tradição ou a sedução da relevância. Eu não quero ser nem irrelevante, nem infiel. Concede-me, eu peço, a sabedoria do Espírito Santo para ser um construtor de pontes. Dá-me amor pelas Tuas verdades eternas e amor pelas pessoas que precisam ouvi-las. Ensina-me a entender o mundo para o qual me enviaste, para que eu possa construir pontes de entendimento que levem muitos a atravessar para a segurança da Tua graça. Em nome de Jesus, Amém.
Não somos chamados para morar na cultura nem para atirar pedras nela, mas para construir uma ponte para ela, cujo nome é Jesus.










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