O ECO NO VAZIO

Por: Pastor Flávio Macieira - 2025 | Dia 1 da série "A PRESENÇA QUE ACOLHE"

Você já esteve em um lugar vasto e completamente vazio? Um salão de festas depois que todos foram embora, um campo aberto sob um céu cinzento, um corredor de hospital no meio da noite. Você fala, e sua própria voz volta para você, distorcida, como um eco que apenas confirma a sua solidão. É uma das sensações mais desoladoras que existem: a prova acústica de que ninguém está ouvindo. Não há resposta, não há reação, apenas o som da sua própria necessidade ricocheteando nas paredes do vazio.

Sejamos honestos: muitas das nossas orações se parecem com isso. Clamamos no vazio do nosso quarto, no silêncio do nosso carro, e a única resposta que ouvimos é o eco da nossa própria angústia. A solidão não é apenas a ausência de pessoas; é a sensação de que nossa voz não chega a lugar nenhum. É o medo de sermos invisíveis, de nossa dor não ser registrada por ninguém, nem mesmo por Deus. Esta é a dor fundamental da alma humana, e a Bíblia não foge dela.

O salmista conhecia bem este sentimento, e transformou-o em uma oração:

“Ó Deus, a quem louvo, não permaneças em silêncio! Pois homens perversos e enganadores me acusam e mentem a meu respeito. (...) Ajuda-me, ó Senhor, meu Deus; salva-me por causa do teu amor. Então saberão que foi a tua mão, que foste tu, Senhor, que o fizeste.” Salmo 109:1-2, 26-27 (NVT)

"Não permaneças em silêncio!". Que pedido cru e desesperado. É a oração de quem teme o vazio. O salmista está cercado por vozes que o acusam, mas a única ausência que realmente o aterroriza é a da voz de Deus. A dor dele não vem apenas da perseguição, mas do aparente silêncio do seu Protetor.

Eu confesso que este é um dos meus maiores medos na jornada da fé: o medo de que minhas orações mais desesperadas sejam recebidas com indiferença celestial. E é por isso que a honestidade deste Salmo é um bálsamo. Ele nos dá permissão para gritar contra o silêncio. Ele valida nosso medo do eco.

A virada na oração do salmista não vem de uma resposta audível, mas de uma mudança de foco. Ele para de descrever sua dor e começa a apelar para o caráter de Deus: "salva-me por causa do teu amor". Ele aposta na reputação de Deus. Sua esperança não é que Deus possa ouvi-lo, mas que a própria natureza de Deus O compele a ouvir o clamor do aflito. Sua fé não nega o silêncio, mas age apesar dele, confiando que, mesmo que não ouçamos a resposta, Ele está ouvindo o pedido.

Que tal levar nosso eco a Deus hoje?

Pense na área da sua vida onde você mais tem se sentido clamando no vazio. Identifique o sentimento de solidão e o medo de que ninguém o ouça. Em vez de se calar, transforme o eco em uma oração. Use as palavras do salmista: "Ó Deus, não permaneças em silêncio. Ajuda-me, Senhor, meu Deus. Salva-me por causa do Teu amor". Não espere por um sentimento; apenas exerça o ato de fé de falar, confiando que sua voz não está ricocheteando, mas chegando à sala do trono.

Para que nossa fé seja mais forte que nosso medo do silêncio, vamos refletir juntos:

• Em que momentos da sua vida o silêncio de Deus pareceu mais "barulhento" do que seus problemas?

• Como a ideia de apelar ao "amor" e ao caráter de Deus, em vez de apenas à nossa necessidade, muda sua forma de orar?

• O que significa para você, na prática, confiar que Deus ouve, mesmo que você não sinta a resposta dEle imediatamente?

Vamos apresentar nosso silêncio Àquele que ouve todas as coisas.

Senhor, meu Deus, eu confesso que muitas vezes me sinto gritando no vazio. O Teu silêncio me assusta e alimenta minha solidão. Hoje, eu me recuso a deixar que o eco me cale. Eu clamo a Ti: Ajuda-me! Mesmo sem ouvir a Tua resposta, eu escolho confiar no Teu caráter. Eu apelo ao Teu amor leal. Salva-me, não para que eu me sinta melhor, mas para que o mundo saiba que foi o Senhor que fez isso, e que Tu és um Deus que não permanece em silêncio para sempre. Amém.

A fé não é a ausência do eco, mas a recusa em deixar que ele seja a única voz que ouvimos.

Essa mensagem falou com você? ✨

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