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Leia o Ato I Completo de "A Casa dos Espelos" (3 Capítulos Grátis)

Autor: Pastor Flávio Macieira - 2025.

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E se a única saída... fosse olhar para dentro? E se a sua maior fraqueza fosse a chave para a sua verdadeira força?

Introdução ao Ato I

Seja bem-vindo à antessala da 'Casa dos Espelhos'. O que você está prestes a ler não é apenas uma amostra, mas o fundamento completo de uma jornada: o Ato I inteiro do meu novo livro. Nestes três capítulos, você conhecerá os quatro estranhos no momento de sua ruptura, testemunhará seu despertar em um lugar impossível e os acompanhará em seu primeiro e desconcertante desafio. Prepare-se para entrar. A porta está aberta.

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Capítulo 1

O Despertar


Ricardo olhava para o e-mail de demissão de seu sócio, as palavras "tirania" e "impossível" queimando na tela. Vinte anos de construção, desfeitos não por um erro de mercado, mas por um defeito em sua própria alma. O império que ele construiu sobre a força de sua vontade agora ruía sob o peso de seu próprio punho cerrado.

Bianca sorria para a câmera do celular, o milhão de seguidores explodindo em corações e elogios em sua live. Mas quando a transmissão terminou, o silêncio de seu apartamento gritou mais alto que todos os aplausos. A imagem no espelho era de uma mulher terrivelmente bem-sucedida e insuportavelmente sozinha. O ar começou a faltar.

Sofia segurava a carta de despejo com as pontas dos dedos, como se o papel pudesse contaminá-la. Ao seu redor, dezenas de telas, dezenas de projetos geniais, todos em vários estágios de "quase". O mundo queria sua arte, mas ela nunca a considerou pronta. Agora, seu perfeccionismo a deixaria sem um teto.

Jonas ouvia sua namorada terminar o relacionamento de cinco anos. As palavras dela eram gentis, quase tristes. "O problema, Jonas, é que não há problema. Não há briga, não há paixão, não há nada." Ele apenas concordou com a cabeça, como sempre fazia, escolhendo a paz em vez da dor, e só quando a porta se fechou ele percebeu que havia pacificado sua vida até a morte.

                                                                      *  *  *               

A primeira coisa que sentiu foi o peso. O peso confortável de um edredom de plumas sobre seu corpo.

Leo—não, Ricardo, seu nome era Ricardo—abriu os olhos. A raiva que o consumia momentos antes havia se dissipado, substituída por uma calma confusa. Ele não estava em seu escritório. Estava em uma cama maciça de mogno, em um quarto que parecia saído de uma revista de arquitetura clássica. A luz do dia entrava suave por uma alta janela, mas ao se levantar e olhar, viu que o vidro era opaco, revelando apenas a claridade, não o mundo.

Ele não sentiu pânico. Sentiu um instinto. Vestiu-se com as roupas que estavam dobradas perfeitamente em uma cadeira — suas próprias roupas, inexplicavelmente — e abriu a porta.

O corredor o levou a um imenso foyer central. O chão era um mosaico de mármore preto e branco. Um lustre de cristal do tamanho de um carro pendia de um teto tão alto que se perdia nas sombras. Havia várias portas idênticas à que ele acabara de usar, e uma escadaria dupla que subia para um mezanino escuro. O ar era perfeitamente imóvel e silencioso.

Uma mulher já estava lá, andando de um lado para o outro. Tinha uma energia vibrante e nervosa. Quando o viu, abriu um sorriso largo, um alívio quase exagerado.

"Ah, graças a Deus! Outra pessoa!", disse ela, a voz um pouco alta demais para o silêncio. "Situação bizarra, né? Eu sou a Bianca. Já que estamos presos aqui, ou seja lá o que for isso, podíamos pelo menos nos apresentar?"

Antes que Ricardo pudesse responder, outra porta se abriu e um homem de aparência serena, Jonas, entrou no foyer, piscando os olhos para se ajustar à grandiosidade do local.

Ricardo o ignorou e marchou até a porta principal, uma imensa estrutura de carvalho. Era sólida como uma rocha. Sem fechadura, sem maçaneta. Ele empurrou. Bateu. Nada.

"Parem de conversar", rosnou ele, virando-se para os outros. "Precisamos de um plano. Verifiquem todas as portas. Procurem janelas, qualquer coisa."

"Ele tem razão em querer um plano", disse Jonas com sua voz calma, "mas acho que ela também tem um bom ponto. Se acalmar e entender quem somos pode ajudar."

Foi então que a quarta pessoa apareceu. Sofia surgiu de outro corredor, tão silenciosamente que eles quase não notaram. Ela não olhou para eles, mas para a arquitetura, seus olhos analíticos percorrendo cada junção da parede, cada detalhe do lustre.

"As portas não têm fechaduras", disse ela, a voz baixa, quase para si mesma. "E não são de carvalho. É uma peça única de mármore, pintada para parecer madeira. Isso não é uma casa normal."

O comentário dela pairou no ar, trazendo um novo peso à situação. Ricardo a fuzilou com o olhar, irritado por sua observação pessimista, mas intrigado por seu detalhismo. Bianca tentou fazer uma piada sobre decoração, mas a piada morreu em sua garganta. Jonas apenas deu um aceno de cabeça compreensivo.

Eles estavam presos. Quatro estranhos em um lugar impossível, o eco de seus fracassos ainda fresco na memória, o silêncio da casa os envolvendo como uma mortalha.

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Capítulo 2

A Nota do Anfitrião


A exploração inicial provou o que Sofia já havia deduzido: não havia saída convencional. Cada porta maciça que levava ao exterior era uma placa de pedra fria e intransponível. Ricardo, frustrado, abandonou suas tentativas de forçar as saídas e agora andava de um lado para o outro no centro do foyer, a energia contida de um predador enjaulado. Bianca, cujas tentativas de socialização haviam sido recebidas com a impaciência de Ricardo e o silêncio de Sofia, agora olhava nervosamente para as sombras do mezanino. Jonas mantinha-se a uma distância calculada de todos, oferecendo platitudes vazias que ninguém ouvia.

Foi no meio deste tenso impasse que o pedestal apareceu.

Não houve som, nem clarão. Em um piscar de olhos, onde antes havia apenas o mosaico de mármore, agora havia um pedestal de pedra escura, com cerca de um metro de altura. E sobre ele, uma única folha de papel cor de marfim.

Os quatro pararam, imóveis. O aparecimento súbito e impossível do objeto mudou a natureza do confinamento deles. Aquilo não era um acidente; era um desígnio.

Ricardo, como sempre, foi o primeiro a agir. Ele marchou até o pedestal, pegou o papel com um gesto brusco e começou a ler em voz alta, sua voz cortando o silêncio.

"Meus caros convidados,

Bem-vindos. Sei que estão confusos e talvez com medo, mas asseguro-lhes que não são prisioneiros. São convidados, trazidos a esta casa com um propósito: a chance de encontrar o equilíbrio que perderam em seus mundos.

O caminho para fora é também o caminho para dentro. À sua frente, encontrarão uma série de salas, cada uma contendo um desafio, um enigma do coração. A porta de cada sala só se abrirá quando o desafio for superado em harmonia.

Não busquem a solução na força individual que os trouxe até aqui, pois ela se provará inútil. A verdadeira chave está escondida em um lugar que vocês aprenderam a desprezar. Lembrem-se disto:

A fraqueza de um será a chave para a força de todos.

Atenciosamente, O Anfitrião."

Quando Ricardo terminou, amassou a nota em um punho cerrado. "Besteira. Harmonia, fraqueza... É um quebra-cabeça, só isso. Um jogo psicológico doentio. Vamos logo para a primeira porta e acabar com isso."

"Ou talvez seja um aviso", disse Sofia, a voz baixa, mas clara. Ela olhava não para Ricardo, mas para a frase final que ele havia lido. "A 'fraqueza de um será a chave'. Isso soa perigoso. Pode significar que um de nós terá que se sacrificar para que os outros passem." Seu pessimismo natural já pintava o pior cenário possível.

"Gente, não vamos pirar!", interveio Bianca, forçando um sorriso. "Olhem pelo lado positivo! É como um team building! Podemos fazer um brainstorming, descobrir os pontos fortes de cada um... O Anfitrião parece querer que a gente coopere. Eu sou ótima com pessoas, por exemplo!"

"Eu concordo com todos", disse Jonas, em sua habitual tentativa de neutralidade. "Ricardo tem razão, precisamos agir. Mas Sofia também tem um bom ponto sobre sermos cautelosos, e a ideia da Bianca de trabalharmos juntos é o que a nota pede. Talvez possamos fazer tudo isso ao mesmo tempo."

Ricardo revirou os olhos para a indecisão de Jonas e a análise excessiva de Sofia. Ele olhou para a única porta do foyer que era diferente das outras, uma porta ornamentada que, presumivelmente, levava à primeira sala.

"Eu não sei sobre harmonia", disse ele, a mandíbula tensa. "Mas eu sei como vencer jogos. E nós vamos vencer este."

Com ou sem eles, ele começou a caminhar em direção à porta. Os outros, vendo que não tinham outra escolha, o seguiram em um silêncio relutante. A aliança estava formada, frágil e rachada desde o primeiro momento, unida não pela confiança, mas pela ausência de qualquer outra opção.

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Capítulo 3

A Sala do Silêncio


A porta diante deles era diferente das outras. Era feita de um material que parecia obsidiana polida, fria ao toque e sem nenhuma fresta ou junção visível. No centro, gravada em letras prateadas e elegantes, havia uma única frase:

"A verdade só é ouvida quando a boca se cala."

Ricardo bufou, desdenhando da poesia. "Um enigma. Ótimo." Ele passou as mãos pela superfície, procurando por um painel oculto, uma falha, qualquer coisa que pudesse ser explorada. Empurrou com o ombro. A porta nem tremeu. Era como empurrar uma montanha.

"Talvez se a gente pedir com jeitinho?", disse Bianca, sua voz soando forçosamente alegre. "Alô? Porta? A gente gostaria de passar! Somos convidados, lembra?". Ela bateu de leve na superfície escura. O som foi abafado e morto.

A cada palavra dita por Bianca, a cada grunhido de esforço de Ricardo, Leo—não, Jonas—tinha a estranha impressão de que a porta se tornava mais escura, mais densa.

Sofia, que estava parada a alguns passos de distância, confirmou seu pensamento. "Parem", disse ela, a voz baixa, mas firme. "Vocês não veem? É o som. A porta reage ao barulho."

Ricardo se virou para ela, o rosto vermelho de frustração. "O que você quer dizer com 'reage ao som'? É uma porta, não um animal de estimação! Precisamos de ação, não de filosofia barata."

"Toda vez que você fala, Bianca, a superfície dela parece... absorver a luz", continuou Sofia, ignorando Ricardo. "E toda vez que você a força, Ricardo, ela parece mais sólida. A inscrição não é um enigma. É um manual de instruções."

O pânico começou a borbulhar em Bianca. A ideia de silêncio, de ausência de interação, era seu maior pavor. "Então o que a gente faz? Fica aqui parado sem falar nada? Como isso vai abrir uma porta?"

"Talvez a gente devesse tentar", sugeriu Jonas, o mediador. "Só por um minuto. O que temos a perder?"

Ricardo estava prestes a explodir, mas algo no olhar concentrado de Sofia o fez hesitar. A lógica dele havia falhado. Talvez, apenas talvez, a lógica estranha daquela casa precisasse de uma abordagem diferente. "Um minuto", rosnou ele. "E se não funcionar, vamos derrubar essa coisa na marra."

Eles se posicionaram. Ricardo cruzou os braços, impaciente. Sofia fechou os olhos, concentrando-se. Jonas assumiu uma postura neutra e calma. Para Bianca, no entanto, o silêncio que desceu sobre o foyer foi uma tortura. O vazio era um ruído ensurdecedor em sua mente. Ela sentia a necessidade física de preenchê-lo: com uma piada, uma pergunta, qualquer coisa. Suas mãos suavam. Ela mordeu o lábio com força, lutando contra o impulso que definia toda a sua existência.

Trinta segundos se passaram. O silêncio era absoluto, pesado.

E foi então que eles ouviram.

Começou como uma vibração quase imperceptível no ar, um som tão tênue que poderia ser a própria pulsação do sangue nos ouvidos. Mas então cresceu, tornando-se uma melodia clara e simples. Eram cinco notas, uma sequência curta e melancólica que parecia vir de lugar nenhum e de todos os lugares ao mesmo tempo. A melodia tocou uma vez, e depois o silêncio voltou.

"Eu ouvi isso!", sussurrou Bianca, a tensão quebrada.

"Eu também", disse Ricardo, o rosto agora não de raiva, mas de intensa concentração. "Uma sequência. Rápido, qual era?"

"Mi, Sol, Ré, Fá, Si", disse Sofia, sem hesitar. Sua mente analítica havia capturado e arquivado a melodia instantaneamente.

Foi Bianca quem fez a próxima conexão. "Na lateral da porta", disse ela, correndo até a parede. "Eu não tinha notado antes." Havia cinco pequenas placas de metal incrustadas na parede, cada uma com uma nota musical gravada.

Agora, a liderança de Ricardo encontrou seu propósito. "Ok. Harmonia", disse ele, a palavra do Anfitrião agora fazendo um novo sentido. "Sofia, você dita a ordem. Bianca, você tem um bom ritmo, toque a primeira e a última. Jonas, você e eu no meio. No três."

Com uma coordenação desajeitada, mas funcional, eles tocaram as placas na sequência correta. Cada nota ressoou no salão. Após a última, um clique suave foi ouvido.

Uma fina linha de luz apareceu, e a porta de obsidiana deslizou silenciosamente para o lado, revelando um corredor escuro à frente.

Eles haviam conseguido. Não pela força, nem pela conversa, mas por uma combinação de percepção, disciplina e cooperação forçada. Olharam uns para os outros, um novo e relutante respeito em seus olhos. A fraqueza de Bianca se tornara a arena para a primeira vitória deles.

O Anfitrião não estava mentindo.

Diante deles, a escuridão do corredor esperava, prometendo o próximo desafio.

O primeiro desafio foi superado. A jornada apenas começou.

As verdadeiras provações de Ricardo, Bianca, Sofia e Jonas os aguardam nas próximas salas, onde a casa testará não apenas suas fraquezas, mas seus corações. A única saída é para dentro.

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