O Silêncio dos Bons
- Flávio Macieira
- 22 de ago.
- 3 min de leitura
Pastor Flávio Macieira — 2025
Esta reflexão faz parte da série "A Voz Incansável da Justiça", inspirada nos temas do livro "A Terapia do Deserto".

O mal não precisa de um exército para triunfar; basta a cumplicidade silenciosa daqueles que sabem o que é certo.
Se a cobiça de Acabe foi a semente da injustiça, a astúcia de Jezabel foi a arquiteta. A maldade em sua forma mais perigosa raramente é um ato impulsivo; ela é planejada, calculada e, para ter sucesso, precisa da cooperação – ou do silêncio – de pessoas boas. A história da morte de Nabote é um estudo de caso sobre como os sistemas podem ser corrompidos para servir ao mal.
“Então Jezabel, esposa de Acabe, lhe disse: ‘[...] Eu lhe conseguirei o vinhedo de Nabote, de Jezreel’. Então ela escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o selo do rei e as enviou aos líderes e nobres que moravam na cidade de Nabote. Nas cartas, ela escreveu: ‘Decretem um dia de jejum e ponham Nabote num lugar de honra diante do povo. Arranjem dois homens perversos para que se sentem diante dele e o acusem de ter amaldiçoado tanto a Deus como ao rei. Em seguida, levem-no para fora e apedrejem-no até a morte’. Os líderes e nobres da cidade de Nabote fizeram conforme Jezabel lhes havia ordenado.” (1 Reis 21:7-11, NVT)
Observe a engenharia da maldade. Jezabel usa a autoridade legítima (o selo do rei), a aparência de piedade (um jejum), o sistema legal (testemunhas, mesmo que falsas) e a opinião pública para executar seu plano. Ela não suja as próprias mãos. Ela cria uma narrativa, uma "fake news" da época, para que a própria comunidade cometa a atrocidade.
O detalhe mais assustador, no entanto, é o versículo 11: "Os líderes e nobres da cidade de Nabote fizeram conforme Jezabel lhes havia ordenado." Eles sabiam que Nabote era inocente. Eles eram os pilares da comunidade, os homens que deveriam zelar pela justiça. Mas, diante de uma ordem do poder, eles escolheram a conveniência em vez da consciência. Eles se calaram. E seu silêncio matou um homem inocente.
Isso nos confronta de maneira desconfortável. É fácil condenar Jezabel. É mais difícil nos olharmos no espelho e perguntar: onde nós temos nos calado? Em uma reunião de trabalho onde uma decisão antiética é tomada? Em uma conversa em família onde a fofoca e a calúnia prevalecem? Diante de uma injustiça social em nossa comunidade, onde preferimos "não nos envolver"?
Martin Luther King Jr. disse: "O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons." A neutralidade diante da injustiça não existe. O silêncio endossa o opressor e abandona o oprimido. Como cristãos, somos chamados para ser sal e luz, agentes de preservação e verdade. Calar-se é falhar em nossa missão mais básica.
A arquitetura da injustiça de Jezabel só funcionou porque os "tijolos" – os líderes e nobres – consentiram em ser usados. Que Deus nos dê a coragem de sermos a pedra no meio do caminho dessa construção, a voz que se recusa a consentir com o mal, não importa o custo.
Seu Próximo Passo de Fé
Pense em uma situação recente onde você viu uma injustiça (pequena ou grande) e permaneceu em silêncio. Confesse isso a Deus e peça a Ele uma segunda chance para agir com coragem, para ser uma voz em defesa da verdade na próxima oportunidade.
O Espelho da Alma
O medo da opinião dos outros ou de retaliação já te levou a se calar diante do que era errado?
Você consegue identificar "sistemas" ou "narrativas" ao seu redor que parecem justos por fora, mas promovem a injustiça?
Como podemos, como igreja, ser mais ativos em denunciar a injustiça em vez de sermos cúmplices silenciosos?
Oração
Senhor da Justiça, perdoa-nos pelas vezes em que nosso silêncio permitiu que o mal prosperasse. Quebra em nós o medo que nos paralisa e a apatia que nos torna cúmplices. Dá-nos um coração que se indigna com a injustiça e uma voz corajosa para defender a verdade, mesmo quando for impopular. Usa-nos para sermos Teus agentes de justiça e retidão neste mundo. Em nome de Jesus, amém.
Diante da injustiça, o silêncio nunca é neutro.
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