A PRISÃO DO ESQUECIMENTO

Por: Pastor Flávio Macieira - 2025

Dia 3 da série "O Sonhador Fiel: A Jornada de José e o Propósito de Deus nos Bastidores".

Imagine que você está em um corredor escuro, e no final dele, vê uma porta com uma placa de "Saída" brilhando. Você caminha em direção a ela, cheio de esperança. Ao alcançá-la, você percebe que a porta está trancada por fora. Você bate, chama, mas ninguém responde. Do outro lado da porta, você ouve a vida continuando, pessoas rindo e seguindo em frente, mas para você, naquele corredor, tudo é silêncio e espera. Esta é a "prisão do esquecimento": um lugar onde você fez a sua parte, mas seu progresso depende de alguém que parece ter se esquecido de você.

É para esta prisão que José é lançado. Após ser fiel na casa de Potifar, ele foi injustamente acusado e jogado no cárcere. Mas mesmo ali, a frase que é o refrão de sua vida reaparece: "o Senhor estava com ele" (Gênesis 39:21). Deus concedeu a José favor aos olhos do carcereiro, e ele novamente se tornou um administrador. Na prisão, ele encontra dois servos de Faraó e, com um dom dado por Deus, interpreta seus sonhos. Para o copeiro-chefe, ele prediz a restauração ao seu cargo. E no final, José faz um apelo humano e comovente:

"Quando tudo estiver bem com você, lembre-se de mim e seja bondoso comigo; fale de mim ao faraó e tire-me desta prisão... Contudo, o copeiro-chefe não se lembrou de José; ao contrário, esqueceu-se dele." Gênesis 40:14, 23 (NVT)

"Dois anos inteiros se passaram" (Gênesis 41:1). Dois anos. Depois de ser traído pela família e injustiçado pelo chefe, agora José é esquecido pela sua única esperança de libertação. Este é, talvez, o teste mais sutil e corrosivo da fé. O que você faz quando Deus está em silêncio e as pessoas te esquecem? José nos dá a resposta: ele continua usando seus dons. Mesmo na prisão, ele não enterrou sua habilidade de administrar. Ele não se recusou a interpretar os sonhos. Ele continuou a ser quem Deus o chamou para ser, mesmo no lugar do esquecimento.

A lição é profunda: a fidelidade no presente é o que nos prepara para o propósito do futuro, mesmo que o futuro pareça nunca chegar. O caráter de José estava sendo forjado na bigorna da espera. Deus não estava ausente; Ele estava trabalhando nos bastidores, no tempo perfeito. Os dois anos de "esquecimento" não foram um atraso no plano de Deus; foram parte do cronograma divino. Era o tempo necessário para que Faraó tivesse seu próprio sonho e precisasse desesperadamente de um intérprete. O esquecimento do copeiro foi, na verdade, a providência de Deus em ação.

Seu Próximo Passo de Fé: Pense em uma área da sua vida onde você se sente "esquecido" — por Deus, por pessoas, em sua carreira. Qual é o dom ou a habilidade que Deus lhe deu e que você pode ter a tentação de "enterrar" por causa do desânimo? O passo de fé hoje é usar esse dom. Mesmo que pareça pequeno ou inútil agora. Sirva alguém, crie algo, organize uma pequena coisa. Seja fiel na prisão, como um ato de confiança de que Deus não se esqueceu de você.

O Espelho da Alma:

1. Qual é mais difícil para você: a dor de uma traição ativa ou a agonia de um esquecimento passivo?

2. Quando você se sente desanimado, sua tendência é se retrair e parar de servir, ou continuar sendo fiel mesmo sem ver resultados?

3. Como a história de José muda sua perspectiva sobre os "atrasos" e as "esperas" em sua própria vida?

Oração: Senhor, eu confesso que odeio esperar. Odeio a sensação de ser esquecido. Na minha prisão do esquecimento, sinto-me tentado a desistir e a acreditar que o Senhor também se esqueceu de mim. Perdoa minha impaciência e minha incredulidade. Lembra-me que, assim como estiveste com José na prisão, Tu estás comigo aqui. Dá-me a graça de continuar usando os dons que me deste, de servir fielmente onde estou, confiando que o Teu tempo é perfeito e que o Teu silêncio não é ausência. Em nome de Jesus, Amém.

O esquecimento humano é, muitas vezes, o palco da lembrança soberana de Deus.

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