A Permissão para Desmoronar
- Flávio Macieira
- 24 de jul.
- 4 min de leitura
Por: Pastor Flávio Macieira — 2025
Esta reflexão faz parte da série "A Terapia do Deserto", inspirada nos temas do livro com o mesmo título.

O seu valor não é definido pelo pico da sua performance, mas pela persistência da graça de Deus em sua fraqueza.
Você já experimentou um "colapso pós-vitória"? Aquele projeto que exigiu tudo de você finalmente termina com sucesso. Aquele evento pelo qual você trabalhou por meses é um triunfo. Mas, no dia seguinte, em vez de euforia, o que resta é um vazio, uma exaustão tão profunda que a menor crítica ou o menor novo desafio parece uma ameaça insuperável. A história de Elias, imediatamente após o triunfo no Monte Carmelo, nos dá permissão para sermos humanos e valida essa experiência desconcertante.
“Acabe contou a Jezabel tudo que Elias havia feito e como havia matado todos os profetas à espada. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias para lhe dizer: ‘Que os deuses me castiguem severamente se até amanhã, a esta hora, eu não tiver feito com você o que você fez com eles!’. Elias teve medo e fugiu para salvar a vida...” (1 Reis 19:1-3, NVT)
Após o fogo do céu, a adoração do povo e a chuva da restauração, Elias deveria estar no auge. Mas a resposta do poder não foi o arrependimento, e sim uma sentença de morte vinda da rainha Jezabel. E o herói desmorona. O homem que enfrentou 450 profetas agora foge da ameaça de uma única mulher. Ele estava esgotado física e emocionalmente, e sua expectativa de um avivamento nacional foi frustrada. No auge de sua fraqueza, o medo encontrou uma porta aberta.
Imagine a bateria de um celular. Após ser usada intensivamente para uma tarefa pesada — como uma longa videoconferência —, ela fica com 1% de carga. Nesse estado, até a mais simples tarefa, como abrir um aplicativo, pode esgotá-la completamente. A alma de Elias estava com 1% de bateria. O confronto no Carmelo consumiu toda a sua energia. A ameaça de Jezabel foi a "tarefa simples" que o fez desligar. O problema não era o tamanho da ameaça, mas o nível de sua reserva interna. Deus precisava primeiro recarregá-lo antes que ele pudesse funcionar novamente.
Nossa cultura prega a resiliência como uma força de vontade inesgotável. O guru da autoajuda nos diz para "superar", "pensar positivo" e "nunca desistir". A história de Elias oferece uma narrativa mais honesta e graciosa. Ela reconhece a realidade do burnout, o esgotamento total de nossos recursos. O cristianismo não nega a nossa fragilidade; ele a acolhe. A solução não é "tentar com mais força", mas admitir a fraqueza para poder receber a força que vem de fora de nós mesmos. A terapia de Deus não começa com uma palestra motivacional, mas com um reconhecimento compassivo do nosso esgotamento.
É fácil julgarmos Elias: "Como ele pôde ter tanto medo depois de uma vitória tão grande?". Essa é a voz do legalismo. A voz da graça, no entanto, olha para o profeta em fuga e sente compaixão. A graça entende que a fé e o medo podem coexistir em um coração cansado. A fuga de Elias não o desqualificou como profeta. Deus não o demitiu. Pelo contrário, seu momento de maior fraqueza se tornou o ponto de partida para a experiência mais terna e íntima de cuidado divino que ele já tivera. A graça de Deus não brilha em nossa performance, mas se aperfeiçoa em nossa fraqueza.
Seu Próximo Passo de Fé
Reconheça seus limites esta semana. Identifique os sinais de exaustão em sua vida (cansaço persistente, irritabilidade). Em vez de "empurrar com a barriga", tome uma decisão prática para cuidar de si mesmo: durma uma hora a mais, faça uma caminhada na natureza ou diga "não" a um compromisso não essencial. Reconhecer sua necessidade de descanso é um ato de sabedoria espiritual.
O Espelho da Alma
Você já experimentou um "colapso pós-vitória" — um período de desânimo logo após um grande esforço ou sucesso?
Como a analogia da "bateria com 1%" te ajuda a ser mais gracioso consigo mesmo em momentos de esgotamento?
Você acredita que Deus o acolhe em sua fraqueza, ou sente que precisa estar sempre "forte" para Ele?
Oração
Senhor, agradeço porque Tua Palavra é honesta sobre a fragilidade dos Teus servos. Perdoa-me quando, como Elias, tiro os olhos de Ti e foco na ameaça, permitindo que o medo me domine. Ajuda-me a reconhecer meus próprios limites e a buscar em Ti meu refúgio. Ensina-me a ser compassivo com as fraquezas dos outros e a não desesperar com as minhas. Obrigado porque mesmo em nossa fuga, Tu não nos abandonas. Em nome de Jesus, amém!
Sua fraqueza não choca a Deus; ela atrai a graça d'Ele.
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