A ALEGRIA DE OLHAR PARA O LADO

Por: Pastor Flávio Macieira - 2025 | Dia 2 da série "A MENTALIDADE DA ALEGRIA"

Pense no seu time favorito, em qualquer esporte. O que faz um time ser verdadeiramente campeão? Raramente é apenas o talento de um único jogador estrela. As equipes que marcam a história são aquelas em que prevalece a generosidade: o jogador que abre mão do chute a gol para dar uma assistência perfeita, o companheiro que corre o dobro para cobrir o erro do outro, a celebração que é mais vibrante pelo sucesso do colega do que pelo próprio. Em contraste, equipes cheias de estrelas que jogam apenas para si mesmas, focadas em suas estatísticas individuais, implodem em vaidade e frustração.

A cultura ao nosso redor, no entanto, nos treina para sermos a estrela do nosso próprio time. A mensagem é clara: "cuide do seu", "lute pelo seu lugar ao sol", "promova a sua imagem". Vivemos em uma competição constante por reconhecimento e autopreservação. É por isso que o ensinamento de Paulo em Filipenses soa tão radicalmente revolucionário. Ele nos apresenta uma equação para a alegria que vira a nossa lógica de cabeça para baixo.

A segunda peça da mentalidade da alegria é esta:

“Não façam nada por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.” Filipenses 2:3-5 (NVT)

Sejamos honestos: isso é difícil. Nossa configuração padrão é a autopreservação. "Considerar os outros superiores" soa como fraqueza em um mundo que prega a autoconfiança. Cuidar dos interesses dos outros antes dos nossos parece um caminho certo para sermos passados para trás. Paulo sabia dessa nossa luta interna. É por isso que ele não apresenta essa atitude como uma simples regra moral, mas como uma consequência de algo muito mais profundo: ter a mesma "mentalidade" (ou phroneo, em grego) de Cristo Jesus.

E qual é a mentalidade de Cristo? Paulo a descreve em um dos hinos mais belos e poderosos de toda a Bíblia (Fp 2:6-8). Jesus, que possuía toda a glória e todos os direitos da divindade, não se apegou a eles. Ele "se esvaziou". Ele abriu mão de seus privilégios, assumiu a forma de servo e se humilhou até a morte. A paixão de Cristo não era por sua própria exaltação, mas por nossa salvação. E é aqui que o segredo se revela: foi através desse esvaziamento, dessa descida, que Ele foi exaltado pelo Pai.

A alegria, portanto, não é encontrada na busca incessante por encher nosso próprio ego, mas na disposição de nos esvaziarmos pelo bem do outro. Não é sobre anular a si mesmo, mas sobre encontrar a si mesmo no serviço. É a alegria do jogador que vibra com a assistência, do pai que se alegra com a conquista do filho, do líder que investe no crescimento de sua equipe. É uma alegria mais rica e duradoura, porque não depende do nosso sucesso individual, mas se multiplica no bem-estar da comunidade.

Que tal darmos um passo prático para cultivar essa mentalidade?

No seu próximo dia de trabalho ou em sua próxima interação familiar, estabeleça um desafio para si mesmo: fazer uma pergunta a mais sobre a outra pessoa do que falar sobre si mesmo. Ou, de forma ainda mais proativa, identifique uma oportunidade de usar sua influência ou seu tempo para ajudar um colega ou amigo a alcançar um objetivo, sem esperar nada em troca. Comece a treinar o seu coração a "olhar para o lado".

Para que essa verdade desafiadora se aprofunde em sua mente, reflita:

• Em uma situação recente, você agiu mais por "ambição egoísta" ou por "humildade"? Como a "mente de Cristo" poderia ter mudado sua atitude?

• A ideia de "considerar os outros superiores" parece radical. Que medo ou insegurança torna esse princípio tão difícil de aplicar na prática?

• Como o exemplo de Jesus, que "se esvaziou", desafia a sua definição pessoal de sucesso, poder e importância?

Vamos pedir a Deus que opere essa transformação radical em nós.

Senhor Jesus, a Tua mentalidade desafia tudo em mim. Confesso que meu coração é egoísta e busca a própria glória. Perdoa-me. Eu quero ter a mesma atitude que houve em Ti. Esvazia-me do orgulho, da vaidade e da ambição egoísta. Enche-me de um amor humilde que me capacite a ver os outros como superiores e a servir com alegria. Que a minha vida seja menos sobre mim e mais sobre Ti e sobre aqueles que o Senhor colocou ao meu redor. Amém.

A felicidade do mundo diz "olhe para si". A alegria do Reino diz "olhe para o lado".

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