Sem Palavras Diante de Deus
- Flávio Macieira
- 4 de mai.
- 4 min de leitura
Por: Pastor José Flávio Macieira — 2025

Há momentos em que a grandeza de Deus é tão avassaladora que a única resposta é o silêncio reverente.
"Pare e reflita nas maravilhas de Deus! [...] O Todo-poderoso, não o podemos alcançar; ele é exaltado em poder [...] Por isso os homens o temem..." (Jó 37:14a, 23a, 24a NVI)
Eliú chega ao clímax de sua argumentação no capítulo 37 de Jó. Depois de discorrer sobre a justiça divina e o sofrimento como disciplina, ele agora aponta para os céus, para os fenômenos da natureza, como testemunho final e irrefutável da majestade, do poder e da sabedoria incompreensíveis de Deus. É como se ele dissesse: "Se os argumentos teológicos não os convenceram, olhem para cima!".
Com uma linguagem poética e vibrante, Eliú descreve a orquestra celestial regida por Deus. Ele fala do Seu coração que dispara (v. 1) ao ouvir a voz de Deus que ribomba no trovão (vv. 2-4), uma voz majestosa que realiza "coisas grandiosas, acima do nosso entendimento" (v. 5). Ele comanda a neve e a chuva (v. 6), o gelo que congela as águas (v. 10), os ventos impetuosos que trazem o frio (v. 9) e as nuvens carregadas de relâmpagos (vv. 3, 11). Eliú vê propósito em tudo isso: Deus usa esses elementos ora para castigar, ora para abençoar a terra com Sua fidelidade (v. 13).
Quem já não se sentiu pequeno e vulnerável diante de uma tempestade violenta, com trovões que sacodem as janelas e relâmpagos que iluminam a noite? Ou maravilhado com a beleza silenciosa de uma paisagem coberta de neve? Mesmo com toda a nossa ciência meteorológica, esses eventos nos lembram que existem forças na natureza muito maiores do que nós, apontando para Aquele que as governa.
Diante dessa demonstração de poder, Eliú faz um convite direto a Jó (e a nós): "Pare e reflita nas maravilhas de Deus!" (v. 14). Ele nos chama a interromper nossos argumentos, nossas queixas, nossas tentativas de explicar tudo, e simplesmente contemplar.
Em seguida, ele desfia uma série de perguntas retóricas que expõem nossa profunda ignorância sobre os caminhos do Criador: "Você compreende como Deus comanda as nuvens...? Você sabe como pairam as nuvens...? Você consegue, como ele, estender o firmamento...?" (vv. 15-18). A resposta implícita é um sonoro "não". Não conseguimos sequer entender completamente os mecanismos da criação, como ousaríamos instruir ou corrigir o Criador (vv. 19-20)?
A conclusão de Eliú é inevitável: Deus é envolto em "temível majestade" (v. 22). Ele é o Todo-Poderoso, exaltado em poder e justiça, e está além do nosso alcance e compreensão ("não o podemos alcançar", v. 23).
Portanto, qual a resposta apropriada a essa grandeza incompreensível? Não é mais debate, não é mais autojustificação. É o silêncio reverente. É o temor – não o medo paralisante, mas a admiração profunda e o respeito que reconhecem nosso lugar diante do Deus infinito (v. 24). Eliú, de certa forma, prepara o terreno para a própria fala de Deus que virá a seguir, silenciando as vozes humanas com o peso da majestade divina.
Essa passagem nos ensina lições preciosas. Primeiro, a importância de cultivar o maravilhamento. Precisamos reservar momentos para "parar e refletir" na obra de Deus, seja na natureza grandiosa ou na complexidade do corpo humano, deixando que isso nos leve à adoração. Segundo, a necessidade da humildade intelectual. Devemos aceitar que nossos caminhos e pensamentos não são os Dele (Isaías 55:8-9) e que há mistérios que simplesmente não conseguiremos desvendar deste lado da eternidade. Terceiro, o valor do silêncio na adoração. Nem toda oração precisa ser cheia de palavras; às vezes, a melhor forma de honrar a Deus é aquietar nossa alma diante Dele, como nos convida o Salmo:
"Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus..." (Salmo 46:10a NVI)
Finalmente, mesmo diante do incompreensível, podemos confiar no caráter de Deus, que é "grande em justiça e retidão" (v. 23).
Desafio: Encontre um momento nesta semana para "parar e refletir nas maravilhas de Deus" (Jó 37:14). Pode ser observando o céu, uma planta, ou ouvindo uma música que exalte a grandeza Dele. Resista à tentação de analisar ou explicar. Apenas contemple, admire e permita que seu coração se encha de reverência. Pratique o silêncio como adoração.
Oração: Ó Deus de Glória e Majestade Infinita! Tu és grande, e Tuas obras são maravilhosas e incompreensíveis. Ficamos sem palavras diante do Teu poder revelado na criação. Perdoa nossa presunção quando tentamos Te reduzir às nossas pequenas explicações. Ensina-nos a quietude reverente, a humildade que reconhece Teus mistérios e a confiança que descansa em Teu caráter justo e bom, mesmo quando não entendemos Teus caminhos. Que nosso coração Te adore em temor e admiração. Em nome de Jesus, amém.
Hora de Refletir:
Em que momentos você se sente mais "sem palavras" diante da grandeza ou do mistério de Deus?
Como a prática do silêncio e da contemplação pode enriquecer sua vida de oração e seu relacionamento com Deus?
De que forma o "temor do Senhor", entendido como reverência e admiração profunda, pode ser uma atitude libertadora em vez de opressora?
Diante da majestade que cala nossa razão, o coração adora em silêncio e reverência.
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