O PROPÓSITO NA PRESSÃO

Por: Pastor Flávio Macieira - 2025

Dia 2 da série "A Âncora da Esperança: Navegando em Tempos de Incerteza com uma Certeza Eterna".

Imagine um ferreiro trabalhando em um pedaço de metal bruto. Ele não o deixa em uma prateleira macia. Ele o submete ao fogo consumidor, aquecendo-o até que fique maleável. Então, ele o coloca sobre a bigorna e o golpeia repetidamente com um martelo pesado. O metal é dobrado, moldado e mergulhado na água fria, um processo de pressão e transformação que, para o metal, deve parecer caótico e destrutivo. Mas o ferreiro não está tentando destruir o metal; ele está o transformando em uma espada forte, útil e bela. A nossa esperança em Cristo não nos isenta do fogo e do martelo do sofrimento, mas nos garante que o Ferreiro Divino tem um propósito glorioso para cada golpe.

No devocional de ontem, ancoramos nossa esperança na rocha da ressurreição. Hoje, enfrentamos a pergunta inevitável: se nossa esperança é tão segura, por que a vida ainda dói tanto? Por que Deus permite as tempestades? O apóstolo Paulo, que conhecia o sofrimento intimamente, nos dá uma das respostas mais profundas e transformadoras de toda a Bíblia.

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. E a esperança não nos decepciona, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5:3-5 (NVT)

Esta passagem é radicalmente contracultural. O mundo nos ensina a evitar a tribulação a todo custo. Paulo nos diz para nos "gloriarmos" nela. Por quê? Porque ele entende o processo do Ferreiro. Ele sabe que a pressão não é sem propósito. Ele nos dá uma corrente de produção divina: A tribulação produz perseverança (a capacidade de continuar em frente quando tudo diz para desistir). A perseverança produz experiência (um caráter aprovado, testado pelo fogo). E a experiência produz esperança.

Note que a esperança aqui não é o ponto de partida, mas o resultado final. É uma esperança diferente daquela do Dia 1. A esperança da ressurreição é a nossa âncora objetiva. A esperança de Romanos 5 é a nossa âncora subjetiva e experiencial. É a esperança que nasce não apesar do sofrimento, mas por causa dele. É a confiança testada e aprovada de que, se Deus nos sustentou na última tempestade, Ele nos sustentará na próxima. É a certeza de que o Ferreiro sabe o que está fazendo. E, no final, essa esperança "não nos decepciona", porque ela é validada pelo amor de Deus derramado em nós pelo Espírito Santo.

Que tal começar a ver o fogo não como punição, mas como purificação?

O passo de fé hoje é um exercício de reinterpretação do sofrimento. Pense em uma provação ou dificuldade pela qual você está passando (ou passou recentemente). Em seu diário, em vez de focar apenas na dor, tente identificar a "corrente de produção" de Deus. Escreva: "Nesta tribulação de [descreva a situação], peço a Deus que produza em mim: 1. Perseverança para não desistir. 2. Um caráter aprovado que O glorifique. 3. Uma esperança mais forte e testada."

Agora, permita-se um momento de reflexão honesta:

1. Sua reação natural ao sofrimento é se perguntar "Por que eu?" ou "O que Deus quer me ensinar?"?

2. Olhando para trás, você consegue identificar como uma dificuldade passada produziu em você um caráter mais forte ou uma esperança mais profunda?

3. Como a certeza do amor de Deus (Romanos 5:5) pode te dar coragem para enfrentar a pressão que você está vivendo hoje?

Vamos confiar no processo do Ferreiro em oração.

Ferreiro Divino, eu confesso que odeio o fogo e o martelo. Fujo da pressão e reclamo da dor. Perdoa-me por duvidar do Teu propósito em minhas tribulações. Hoje, eu escolho confiar no Teu processo. Pega o metal bruto da minha vida e me molda. Em meio a esta dificuldade, produz em mim perseverança, um caráter aprovado e, acima de tudo, uma esperança inabalável que não me decepcione, pois está firmada no Teu grande amor por mim. Em nome de Jesus, Amém.

O sofrimento não é um sinal da ausência de Deus, mas um instrumento em Suas mãos de Mestre.

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