A Oração Que Deus Ouve
- Flávio Macieira
- 2 de mai.
- 4 min de leitura
Por: Pastor José Flávio Macieira — 2025

O que faz nossa oração alcançar os céus: o volume do grito ou a sinceridade do coração?
"Ali clamam, mas ele não responde, por causa do orgulho dos maus. Com certeza Deus não ouve gritos de vaidade; o Todo-poderoso não lhes dá atenção." (Jó 35:12-13 NVI)
Continuando sua argumentação, Eliú, no capítulo 35 de Jó, aborda uma questão delicada: por que, às vezes, parece que Deus não responde às orações, especialmente aos gritos que sobem em meio à opressão e ao sofrimento? Antes de responder diretamente, ele estabelece um ponto teológico importante.
Eliú argumenta (vv. 4-8) que nossas ações, sejam elas justas ou pecaminosas, têm um impacto primário em nós mesmos e nas outras pessoas ao nosso redor, mas não afetam a natureza essencial ou o poder de Deus, que é transcendente e está muito acima de nós. Isso não quer dizer que Deus seja indiferente – capítulos anteriores (e toda a Escritura) afirmam Seu cuidado e Sua justiça. Mas o ponto de Eliú aqui é: se Deus parece não responder, não é porque nosso pecado O enfraqueceu ou nossa justiça O beneficiou de alguma forma que O obrigue a agir. A razão deve ser outra.
Então, qual seria essa razão, segundo Eliú? Ele observa que, sim, as pessoas clamam sob o peso da opressão (v. 9). Contudo, ele questiona a qualidade e a motivação desse clamor. Será que, ao clamar, elas estão verdadeiramente buscando a Deus, o Criador, Aquele que "dá cânticos durante a noite" mesmo em meio à aflição (v. 10)? Ou estão apenas gritando contra a circunstância, sem um real desejo de se conectar com o Deus que as fez "mais sábias que as aves dos céus" (v. 11)?
A conclusão de Eliú é direta: Deus não responde por causa do "orgulho dos maus" (v. 12) e não ouve "gritos de vaidade" (v. 13). A palavra "vaidade" aqui (hebraico shav) pode significar vazio, falsidade, ou algo inútil – talvez um clamor que é apenas externo, sem sinceridade, ou que brota de um coração orgulhoso, autocentrado, que não busca a Deus verdadeiramente, mas apenas o alívio de sua dor ou a satisfação de seus desejos.
Pense na diferença entre pedir ajuda a um amigo com humildade e um coração aberto para o relacionamento, versus fazer uma exigência ou um pedido puramente interesseiro, sem real consideração pela pessoa. Eliú sugere que Deus percebe essa diferença em nossos corações.
Essa perspectiva é desafiadora. Ela nos convida a um sincero autoexame sobre nossas orações. Quando clamamos a Deus, especialmente em tempos difíceis, qual é a nossa motivação mais profunda? É claro que desejamos alívio e solução – isso é humano e legítimo. Mas será que nosso clamor também inclui um desejo genuíno pela presença de Deus, pela Sua vontade, por conhecê-Lo melhor, mesmo que a resposta demore ou a circunstância não mude como esperamos? Ou nossas orações se tornam "gritos de vaidade" – focadas apenas em nós mesmos, em nossas exigências, sem humildade ou submissão?
Eliú nos lembra que a atitude do coração importa para Deus. Ele busca um relacionamento autêntico. Ele deseja que O busquemos por quem Ele é – o Criador que nos sustenta e pode nos dar esperança e não apenas como um solucionador de problemas. Isso exige humildade para reconhecer nossa dependência e paciência para confiar em Seu tempo e em Sua sabedoria, como Eliú finalmente aconselha Jó: "Quanto menos quando você diz que não o vê; a sua causa está diante dele, portanto, espere nele." (v. 14). O apóstolo Tiago, séculos depois, ecoaria um pensamento semelhante:
"Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres." (Tiago 4:3 NVI)
A motivação e a condição do coração são cruciais na oração que Deus ouve.
Desafio: Na sua próxima oração sobre uma necessidade ou dificuldade, vá além do pedido em si. Pergunte-se: "Qual a atitude do meu coração ao apresentar isso a Deus?". Busque expressar não apenas sua necessidade, mas também sua dependência, sua confiança (mesmo que pequena) e seu desejo pela vontade e pela presença Dele acima de tudo. Conecte o coração antes de fazer o pedido.
Oração: Pai celestial, que sondas nossos corações e conheces nossas intenções mais profundas, perdoa-nos pelas vezes em que nosso clamor foi manchado pelo orgulho ou pela vaidade. Ensina-nos a orar com sinceridade e humildade. Que nosso maior desejo seja buscar Tua face, conhecer Tua vontade e desfrutar da Tua presença, mesmo em meio às lutas. Dá-nos paciência para esperar em Ti e confiança para aceitar Tua resposta, seja ela qual for. Em nome de Jesus, amém.
Hora de Refletir:
Você consegue identificar momentos em que suas orações foram mais focadas em suas próprias vontades ("gritos de vaidade") do que na busca pela vontade e presença de Deus?
O que significa para você buscar a Deus como Aquele que "dá cânticos durante a noite" (Jó 35:10)?
Como a instrução de Eliú para "esperar Nele" (Jó 35:14) pode mudar sua prática de oração quando as respostas parecem demorar?
Deus ouve mais o coração humilde que busca Sua face do que o grito orgulhoso que exige Sua mão.
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