A ALEGRIA DE PERDER PARA GANHAR
- Flávio Macieira
- 20 de set.
- 4 min de leitura
Por: Pastor Flávio Macieira - 2025 | Dia 3 da série "A MENTALIDADE DA ALEGRIA"

Há uma tendência crescente em nossa cultura de "destralhar" a vida. Pessoas esvaziam seus armários e garagens, seguindo uma regra simples: se algo não traz mais alegria ou utilidade, é hora de deixar ir. O resultado, para muitos, é uma sensação surpreendente de leveza e liberdade. Ao se livrarem do excesso, elas não sentem que perderam algo, mas que ganharam espaço, paz e clareza. Descobrem que o acúmulo de coisas, que antes parecia fonte de segurança, havia se tornado um peso.
Essa experiência física de reavaliar o valor das coisas é um pálido reflexo do "destralhamento" espiritual radical que o apóstolo Paulo nos convida a fazer. Ele, que tinha o currículo mais impressionante que um judeu de sua época poderia desejar — linhagem impecável, educação de elite, zelo religioso inquestionável — passou por um processo de reavaliação de valores que o levou a uma conclusão chocante. Ele pegou todos os seus troféus, todas as suas fontes de orgulho e identidade, e os colocou na pilha de descarte.
A terceira chave da mentalidade da alegria é uma contabilidade celestial:
“Mas tudo que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como lixo, para poder ganhar a Cristo.” Filipenses 3:7-8 (NVT)
Sejamos honestos com a profundidade do que está sendo dito aqui. Paulo não está descartando coisas sem valor. Sua reputação, sua retidão sob a lei, seu status — eram medalhas de ouro em sua cultura. Eram o lucro de uma vida inteira de esforço. E ele usa a palavra mais forte possível para descrevê-las agora: skubalon, em grego. Lixo. Esterco. Refugo. Por quê? Porque ele havia encontrado um tesouro de valor infinito, e ao lado desse tesouro, o ouro parecia poeira.
A paixão que incendeia o coração de Paulo não é um desprezo ascético pelo mundo; é uma adoração avassaladora por uma Pessoa. A alegria dele não vem do ato de perder, mas da Pessoa que ele ganha. Note a intimidade em suas palavras: "conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor". Não é um conhecimento teórico, mas um relacionamento vivo e transformador. A alegria de Paulo é a alegria do comerciante que encontra a pérola de grande valor e, sem hesitar, vende tudo o que tem para possuí-la. A venda não é o foco; a pérola é.
Essa mentalidade nos liberta da esteira rolante da performance. Passamos a vida tentando construir um currículo que nos faça sentir valiosos aos olhos de Deus e dos outros. Mas a alegria do evangelho não está em adicionar "Cristo" como mais um item em nosso currículo de conquistas. Está em jogar fora o currículo inteiro para abraçar somente a Cristo. A alegria não está em sermos bons o suficiente, mas em pertencermos Àquele que é perfeito. É deixar de ser o herói da nossa história para descobrirmos a alegria de ter um Salvador.
Que tal fazermos um inventário do nosso coração?
Pegue um papel e desenhe duas colunas. Na primeira, escreva "Meu Lucro". Liste ali 3 ou 4 coisas nas quais você busca sua identidade e valor (sua carreira, seu papel como pai/mãe, sua reputação, sua segurança financeira). Na segunda coluna, escreva "Suprema Grandeza". Nela, escreva apenas a frase "Conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor". Passe alguns minutos em oração, olhando para essas duas colunas. Peça a Deus, com sinceridade, que reoriente a contabilidade da sua alma e lhe dê a graça de ver Cristo como o tesouro que vale mais do que tudo.
Para que o valor de Cristo se torne mais real para você, reflita:
Qual é o "lucro" em sua vida que você mais teme "perder"? O que isso revela sobre onde seu coração realmente encontra valor?
Paulo usa a palavra forte "lixo". Como essa palavra extrema desafia a maneira como você valoriza suas próprias conquistas e sua "justiça"?
O que significa, na prática, "ganhar a Cristo" em uma decisão que você precisa tomar nesta semana?
Vamos levar essa nova contabilidade a Deus em oração.
Senhor, eu confesso que a minha contabilidade está errada. Eu busco meu valor e minha alegria em lucros que são perda diante da Tua glória. Eu me a pego ao meu currículo, às minhas conquistas, e as chamo de tesouro. Perdoa-me. Abre os meus olhos para a suprema grandeza de te conhecer. Que a beleza e o valor de Cristo Jesus, meu Senhor, ofusquem todo o resto. Ajuda-me a esvaziar minhas mãos de todo lixo para que eu possa, com alegria, ganhar a Ti. Amém.
A alegria não está em ter o currículo perfeito, mas em ter o Salvador perfeito.
Essa mensagem falou com você? ✨
Comente aqui embaixo qual "lucro" você precisa reavaliar à luz de Cristo.
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